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sábado, 8 de fevereiro de 2014

O ENIGMA DE ESPINOSA, de Irvin D. Yalow

Este é mais um livro para a minha série de "aprenda coisas novas, divertindo-se com uma excelente história de ficção".

Irvin D. Yalom é o mesmo autor de QUANDO NIETZSCHE CHOROU. Mas vou contar aqui no blog, só para quem me acompanha: inúmeras vezes passei por este "primeiro" livro do autor, exposto nas prateleiras da minha livraria predileta, e sempre pensava: "e eu lá quero saber quando foi que Nietzsche chorou?". E deixava o livro por lá mesmo. Mas depois de ler O ENIGMA DE ESPINOSA, não tem jeito. Já providenciei também o "primeiro" livro, porque simplesmente a-do-rei o jeito como Irvin Yalow escreve!

Até ler o livro de Yalow, sabia muito pouco sobre Espinosa.
E depois de ler o livro de Yalow, sei que se tivesse tentado entender esse filósofo, sem o precedente da ficção, provavelmente entenderia muito pouco!

Yalow explica, no prólogo, que pouco existe de informação sobre Espinosa. Até mesmo a conhecida pintura que o retrata, foi feito na imaginação do pintor, porque nem mesmo uma imagem, um desenho de suas feições, ficou registrado para a posteridade. Embora seus livros tenham mudado o mundo, e seja o precursor do Iluminismo, o fato é que foi excomungado pelos judeus aos 24 anos, e censurado pelos cristãos pelo resto de sua vida, por conceber "Deus" como uma unidade com a natureza. Para Espinosa, Deus significava tudo que acontece e todas as coisas deste mundo real e corpóreo, sem exceção.

Por anos, Yalow procurou uma forma de contar a história de Espinosa. Mas as lacunas eram tantas, que ele não encontrava um fio condutor. Até que, em uma visita ao museu Espinosa, soube que durante a II Guerra Mundial, um importante oficial nazista, de nome Rosenberg, havia comandado pessoalmente o saque da biblioteca, deixando uma anotação intrigante que ainda existe arquivada nos documentos oficiais do julgamento de Nuremberg. E partindo desta informação, Yalow resolveu seu problema.

O romance é construído em duas épocas distintas, contrapondo em ficção a vida de Espinosa lá nos 1600 d.C, com a vida de Rosenberg ascendendo no Partido Nazista da II Guerra Mundial. A ficção reflete os longos anos de pesquisa em psiquiatria do autor, com foco na provável vida interior de Espinosa e Rosenberg, permeando os poucos fatos conhecidos na biografia de ambos.

Assim escrito, o livro é fascinante. Na filosofia, assim como na psiquiatria, determinadas questões atravessam o tempo e permanecem idênticas. Porém, o contexto social se modifica, e com ele, também os valores sociais e/ou morais de cada época. Imagine, portanto, o que é a contraposição de uma supersticiosa Europa medieval seiscentista, contraposto (e assim, comparado) ao cruel idealismo nazista.

É um livro para ler devagar, refletindo. Não há como não parar para pensar, ou como evitar as associações e reflexões. Mas a leitura traz paz de espírito. Uma paz aventureira, a paz dos guerreiros.



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