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terça-feira, 15 de junho de 2021
domingo, 29 de março de 2020
O MAPA DE VIDRO - S. E. Grove
O MAPA DE VIDRO
S. E. Grove
E se os tempos se misturassem?
E se uma Grande Ruptura fizesse com que determinados
territórios voltassem ao passado, projetados para diferentes épocas? E se parte
do mundo se tornasse medieval, outros regredissem até a idade da pedra,
enquanto cidades relativamente modernas sobrevivessem em apartado? Como seria
viajar por fronteiras que ultrapassam o tempo:
E o que aconteceria com aqueles que estavam nos
territórios onde a Grande Ruptura aconteceu?
O MAPA DE VIDRO (S. E. Grove, livro I, tradução
Paulo Ferro Júnior, Verus Editora 2015/1ª Edição) é uma história instigante,
muita ação, muito mistério e muitos temas de reflexão.
Poisé...
Tenho que reconhecer que essa tal “quarentena
mundial” e todo o caos que trouxe consigo, teve pelo menos esse ponto positivo
aqui, para mim. O MAPA DE VIDRO é dos muitos livros que, nos últimos dois anos,
eu comprei, me apaixonei pela história e, mesmo assim, não conseguia tempo para
terminar de ler!
Não sei se, para vocês, esta quarentena também está
significando um momento de reflexão. Por aqui, entrando na terceira semana de
isolamento, enfim começo a controlar a sensação de pânico e incerteza,
finalmente consigo desligar das notícias da televisão e reconhecer minha
impotência diante da magnitude do problema, e então estou me voltando para os
(muitos!) projetos pessoais e pequenas iniciativas que comecei e parei pela
metade. Histórias que não foram escritas, desenhos que não foram terminados,
estudos que estagnaram nos primeiros exercícios... e os livros, quantos!, que
estão aguardando leitura depois das primeiras páginas, dos primeiros capítulos.
O MAPA DE VIDRO tinha entrado nesta lista, foi com
prazer que terminei a leitura. Adoro mapas, adoro teorias sobre o “tempo”, e
esse livro tem uma fantasia delirantemente provocativa que reúne os dois temas
e mais uma coleção de personagens marcantes, originais e verossímeis. Nem sei
explicar a quantidade de imagens que se consegue visualizar, pela imaginação,
enquanto a leitura prossegue. Mapas desenhados por civilizações diferentes, nem
todas exatamente “humanas”, informações codificadas em linguagens esquecidas,
em símbolos desconhecidos, sobre bases inusitadas. E tem muita aventura,
sequestros, monstros, cidades secretas e mares desconhecidos, piratas,
cidadezinhas medievais, e muita magia. Uma delícia!
E aproveito, deixo mais uma dica.
Prá quem gosta de fazer exercícios de escrita criativa - e também de mapas -, não deixe de assistir ao vídeo Mapas, Mundos de Fantasia, exercício de Escrita Criativa, que faz parte da Playlist de exercícios do canal CUMÉKISCREVE Escrita Criativa & Arteterapia.
Você vai se divertir, e ainda sair com uma nova ideia para suas próprias histórias!
domingo, 19 de janeiro de 2020
Olympe de Gouges, uma rebelde na Revolução Francesa
Olympe
de Gouges
Nasceu em
Montauban, sudoeste da França, em 07 de maio de 1748.
Seu verdadeiro nome era
Maria Gouze, filha de Anne Olympe e Pierre Gouze (porém, há boatos de que seu verdadeiro pai era o escritor Jean-Jacques
Lefrane, um nobre escritor por quem a
mãe de Olympe era apaixonada).
Faleceu em 03 de
novembro de 1793, condenada à guilhotina pela Revolução Francesa.
Todos
nós conhecemos, pelo menos um pouco, da Revolução Francesa, a famosa revolta
popular que mudou os rumos da economia e da política ocidental. Tudo começou
com uma crise fiscal, e a revolta da população se arrastou e cresceu por dez
longos anos, de 1789 a 1799, período em que a monarquia francesa foi
substituída por uma controvertida e violenta república, e mais um tribunal
revolucionário que condenou os reis Luiz XV e sua esposa Maria Antonieta à
morte pela guilhotina, executados em praça pública em 1793.
Os
princípios que nortearam a Revolução Francesa ecoam em nossos corações até
hoje: “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”. Uma pena que a realidade
da Revolução Francesa, com toda a sua violência, traições e luta pelo poder,
não corresponda ao ideal fraterno de sua bandeira.
E
Olympe de Gouges foi uma mulher traída pela revolução que ela tanto havia
apoiado, e condenada à morte na guilhotina por razões que hoje nos parecem
absurdas.
Olympe
de Gouges nasceu em Montauban, sudoeste da França, em 07 de maio de 1748. Seu
verdadeiro nome era Maria Gouze, filha de Anne Olympe e Pierre Gouze (porém, há boatos de que seu verdadeiro pai
era o escritor Jean-Jacques Lefrane, um escritor por quem a mãe de Olympe era
apaixonada).
Marie
Gouze creceu no interior da França e casou-se com Louis-Yves Aubry, membro de
uma família burguesa de Paris, quando tinha 17 anos. Mas o ano seguinte ao seu
casamento foi muito turbulento: em 1766 nasceu seu filho Pierre e, pouco
depois, seu marido veio a falecer.
Assim,
aos 20 de idade, Marie já é uma senhora viúva e, como tal, escolhe viver em
Paris onde poderia usufruir de mais liberdade, recusando a opção de casar-se
novamente.
Em
Paris, Marie adota o nome OLYMPE DE GOUGES, tanto para homenagear sua mãe como
para afastar o cognome de “viúva Aubry”.
Com este pseudônimo inicia uma bem sucedida carreira de escritora.
Nos
anos seguintes produziria uma série de peças teatrais e um romance
autobiográfico, enfrentando sucessivas dificuldades e obstáculos pelo fato de
ser mulher. Um levantamento da época indica que
das 2.627 obras registradas no repertório do teatro francês, desde 1680, apenas
76 foram escritas por mulheres. Olympe levou quatro anos para ver sua peça 'Zamore
et Mirza' levada aos palcos, e quase foi presa na Bastilha pelas muitas
denúncias que apresentou contra os teatros que atrasavam seu trabalho. Entre
suas várias críticas, Olympe afirma que "é preciso barba no queixo para escrever uma boa peça",
denunciando o preconceito que enfrentou.
Além
das obras teatrais, Olympe também escreveu centenas de artigos sobre diversos
temas polêmicos. Ela defendia o amor livre, a construção de maternidades para
mães solteiras e de orfanatos, a criação de um teatro dedicado à dramaturgia
feminina, de oficinas nacionais para os desempregados e de lares para os
sem-teto. Combateu o tráfico negreiro, o racismo e a colonização, e defendia
igualdade dos sexos e o divórcio.
Suas
peças abolicionistas não eram bem aceitas pelos comediantes franceses da época,
principalmente pelo fato de que os teatros da época dependiam de patrocínios, e
uma boa parcela dos mecenas eram senhores de escravos. Por isso, muitas de suas
peças só foram encenadas muito depois de terem sido escritas.
A
opção de Olympe de Gouges foi criar a sua própria trupe, da qual participava
seu filho Pierre Aubry. Era uma trupe itinerante que representava suas peças em
Paris e regiões adjacentes. Apenas com o início da Revolução Francesa que a
Comédie Française adquiriu mais autonomia, e suas peças foram enfim
representadas ao público.
É
como escritora que Olympe de Gouges se engaja e atua na Revolução Francesa,
levando adiante as suas ideias libertárias.
Porém, aqui, cabe um parênteses.
Hoje,
quando falamos sobre os princípios da Revolução Francesa - “Liberdade,
Igualdade, Fraternidade” -, ou à tão famosa “Declaração dos direitos do homem
e do cidadão” promulgado pela Revolução Francesa em 1789,
automaticamente imaginamos que o termo “homem”
como utilizado na declaração, queira se referir à “humanidade”, ao “ser humano”.
Só
que não...
Quando
a Revolução Francesa trata do “homem”, está a se referir especificamente ao
sexo masculino. Ou seja: a liberdade, a fraternidade, a igualdade e a
Declaração dos Direitos do Homem não inclui as mulheres.
Olympe
de Gouges não se conformou com essa odiosa exclusão, e também se sentiu
insatisfeita com os rumos da Revolução e as formas de governa adotadas pelo
novo regime. Em 1791 ela lança duas obras que expõe seu posicionamento, a “Declaração dos direitos da mulher e da
cidadã”, um libelo pela inclusão das mulheres nos ideais revolucionários -,
e o livro “Três Urnas”, questionando
a administração da nova república.
Nenhuma
das duas obras foi bem acolhida pelo novo regime, que rapidamente identificou
Olympe de Gouges como uma “traidora”, suas ideias consideradas crimes de
calúnia contra os propósitos da Revolução e de seus líderes.
Olympe
tentou se defender, mas o advogado por ela indicado sequer se apresentou no
tribunal. Foi-lhe negado o direito de constituir outro defensor, e o julgamento
à condenou à morte pela guilhotina no exíguo prazo de 24 hs após a decisão.
E
assim, quinze dias após a morte da rainha Maria Antonieta, Olympe de Gouges
teria o mesmo fim. Ela foi morta em 03 de novembro de 1793, em espetáculo público.
FRASES
“Mulheres, acorde. Reconheça seus direitos. Quando
você vai parar de ficar cego? Que vantagens você obteve da Revolução?"
A ignorância, o esquecimento ou o desprezo pelos
direitos das mulheres são as únicas causas de males públicos e corrupção dos
governos.
Se
a mulher tem o direito de subir à forca, ela deve ter igualmente o direito de
subir à tribuna.
OLYMPE DE GOUGES
DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DA MULHER E DA CIDADÃ
Para
ser decretada pela Assembléia Nacional
nas
suas ultimas sessões ou na próxima.
Preâmbulo
As mães, as filhas, as
irmãs, representantes da nação, reivindicam constituíremse em Assembléia
Nacional.
Considerando
que a ignorância, o esquecimento ou o menosprezo dos direitos da mulher são as
únicas causas das desgraças públicas e da corrupção no governo, resolveram
expor, em uma declaração solene, os direitos naturais inalienáveis e sagrados
da mulher. Assim, que esta declaração, constantemente presente a todos os
membros do corpo social, lhes lembre sem cessar os seus direitos e os seus
deveres; que, sendo mais respeitados, os atos do poder das mulheres e os atos
do poder dos homens possam ser a cada instante comparados com o objetivo de
toda instituição política; e que as reivindicações das cidadãs, fundamentadas
doravante em princípios simples e incontestáveis, sempre respeitem a
constituição, os bons costumes e a felicidade de todos. Conseqüentemente, o
sexo superior em beleza e em coragem, em meio aos sofrimentos maternais,
reconhece e declara, na presença e sob a proteção do Ser Supremo, os seguintes
Direitos da Mulher e da Cidadã.
Artigo
primeiro
A Mulher nasce livre e
permanece igual ao homem em direitos. As distinções sociais só podem ser
fundamentadas no interesse comum.
Artigo
segundo
O objetivo de toda
associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis da
Mulher e do Homem. Estes direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança,
e, sobretudo, a resistência à opressão.
Artigo
terceiro
O princípio de toda
soberania reside essencialmente na Nação, que nada mais é que a reunião da
mulher e do homem: nenhum corpo, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que
não emane expressamente deles.
Artigo
quarto
A liberdade e a justiça
consistem em restituir tudo que pertence a outrem. Sendo assim, o exercício dos
direitos naturais da mulher não tem outros limites senão a perpétua tirania que
o homem lhe impõe; estes limites devem ser reformados pelas leis da natureza e
da razão.
Artigo
quinto
As leis da natureza e
da razão proíbem todas as ações nocivas à sociedade; tudo que não é defendido
por tais leis, sábias e divinas, não pode ser impedido, e ninguém pode ser
constrangido a fazer aquilo que elas não ordenam.
Artigo
sexto
A lei deve ser a
expressão da vontade geral; todas as cidadãs e cidadãos devem colaborar
pessoalmente ou por seus representantes, para a sua formação; ela deve ser
igual pra todos: todas as cidadãs e todos os cidadãos, sendo iguais frente a
ela, devem ser igualmente admitidos a todas as dignidades, postos e empregos
públicos, de acordo com sua capacidade, e sem qualquer distinção a não ser por
suas virtudes e seus talentos.
Artigo
sétimo
Nenhuma mulher pode ser
exceção; ela é acusada, presa e detida nos casos estabelecidos pela lei: as
mulheres obedecem, assim como os homens, a esta lei rigorosa.
Artigo
oitavo
A lei só deve
estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias, e ninguém pode ser
punido senão em virtude de uma lei estabelecida e promulgada anteriormente ao
delito e legalmente aplicada às mulheres.
Artigo
nono
Com toda mulher
declarada culpada, deve ser exercido todo rigor da lei.
Artigo
dez
Ninguém deve ser
molestado por suas opiniões, mesmo que sejam de princípio; a mulher tem o
direito de subir ao cadafalso; mas ela deve igualmente ter o direito de subir à
tribuna, contanto que suas manifestações não perturbem a ordem pública
estabelecida pela lei.
Artigo
onze
A livre comunicação dos
pensamentos e das opiniões constitui um dos direitos mais preciosos da mulher,
dado que esta liberdade garante a legitimidade dos pais em relação aos filhos.
Toda cidadã pode, portanto, dizer livremente: “eu sou a mãe de um filho que lhe
pertence”, sem que um preconceito bárbaro a force a esconder a verdade; sob
pena de responder pelo abuso dessa liberdade nos casos estabelecidos pela lei.
Artigo
doze
A garantia dos direitos
da mulher e da cidadã necessita de uma utilidade maior; tal garantia deve ser
instituída para vantagem de todos, e não para a utilidade particular daqueles a
quem ela foi confiada.
Artigo
treze
Para a manutenção da
força pública, e para os gastos administrativos, as contribuições da mulher e
do homem devem ser iguais; ela participa de todos os trabalhos ingratos, de
todas as tarefas pesadas; ela deve, por conseguinte, ter a mesma participação
da distribuição dos postos, dos empregos, dos cargos, das dignidades e da
indústria.
Artigo
catorze
As cidadãs e os
cidadãos têm o direito de verificar por eles mesmos ou por seus representantes
a necessidade da contribuição pública. As cidadãs só podem aderir a ela através
de uma partilha igual, não apenas nos bens, mas também na administração
pública, determinando a quota, o tributável, a cobrança e a duração do imposto.
Artigo
quinze
O conjunto das
mulheres, igualada aos homens na contribuição, tem o direito de pedir contas de
sua administração a qualquer agente público.
Artigo
dezesseis
Toda sociedade em que a
garantia dos direitos não é assegurada, nem é determinada a separação dos
poderes, não tem Constituição; a Constituição é nula se a maioria dos
indivíduos que compõem a nação não contribuiu para a sua redação.
Artigo
dezessete
As propriedades
pertencem em conjunto ou separadamente a todos os sexos; para cada um, elas
constituem um direito, enquanto a necessidade pública, legalmente constatada,
evidentemente não o exigir, sob a condição de uma justa e prévia indenização.
Pós-âmbulo
Mulher,
acorda!
A
força da razão faz-se ouvir em todo o universo: reconhece teus direitos. O
poderoso império da natureza já não está limitado por preconceitos, superstição
e mentiras. A bandeira da verdade dissipou todas as nuvens da parvoíce e da
usurpação. O homem escravo multiplicou suas forças, precisou recorrer às tuas
(forças) para romper seus grilhões. Tornado livre, ele fez-se injusto em
relação à sua companheira.
Mulheres!
Mulheres,
quando deixareis de ser cegas?
Quais
são as vantagens que obtivestes na Revolução?
Um
menosprezo mais marcado, um desdém mais perceptível.
Durante
os séculos de corrupção vós só conseguistes reinar sobre a fraqueza dos homens.
Vosso império esta destruído; o que vos sobra? A convicção das injustiças do
homem. A reivindicação de vosso patrimônio, fundada sobre os sábios decretos da
natureza: o que teríeis a temer por uma empresa tão bela? A boa palavra do
Legislador das núpcias de Caná?
Temei
que nossos Legisladores franceses, corretores desta moral, há muito pendurada
nos galhos da política, mas que não é mais oportuna, vos repitam: mulheres, o
que há de comum entre vós e nós? Tudo, tereis de responder. Se eles se
obstinam, em sua fraqueza, em pôr esta inconseqüência em contradição com os
seus princípios, oponde corajosamente a força da razão às vãs pretensões de
superioridade; reuni-vos sob os estandartes da filosofia; empenhai toda a
energia do vosso caráter, e vereis logo estes orgulhosos se transformando, não
em servis adoradores rastejando a vossos pés, mas em orgulhosos por
compartilharem convosco os tesouros do Ser Supremo. Quaisquer que sejam as
barreiras que se vos possam opor, está em vossas mãos superá-las; basta que o
queirais. Tenhamos agora em conta o pavoroso quadro do que vós fostes na
sociedade; dado que, neste momento, se trata de uma educação nacional,
estejamos atentos para que nossos sábios Legisladores pensem sãmente sobre a
educação das mulheres. As mulheres fizeram mais mal que bem. A coação e a
dissimulação foram seu quinhão. O que a força lhes havia arrebatado, a astúcia
lhes devolveu; elas apelaram para todos os recursos de seu charme, e o mais
irrepreensível não lhe conseguia resistir. O veneno, o ferro, tudo lhe era
submetido. Elas mandavam no crime assim como na virtude.
O
governo francês, sobretudo, dependeu, durante séculos, da administração noturna
das mulheres; o gabinete nada conseguia manter em segredo para sua indiscrição:
embaixada, comando, ministério, presidência, pontificado, cardinalato; enfim,
tudo que caracteriza a parvoíce dos homens, profana e sagrada, tudo foi
submetido à cupidez e à ambição deste sexo outrora desprezível e respeitado, e
depois da revolução respeitável e desprezado.
domingo, 29 de julho de 2018
AS MELHORES HISTÓRIAS DE VIAGENS NO TEMPO
Nesta semana começa uma nova novela na "Globo", cujo tema é uma viagem no tempo.
Então...
Quer uma atualização rápida sobre histórias de viagens no tempo?
Este livro vale a pena: os melhores nomes, os autores mais significativos, tiveram suas obras reunidas neste volume.
Olha a qualidade desta seleção!
Mas "viagens no tempo" é matéria antiga na ficção científica.
E são tantas histórias, e tão instigantes!
Então lembrei de um livro que li no ano passado, uma coletânea de contos intitulada AS MELHORES HISTÓRIAS DE VIAGENS NO TEMPO, organizado por Harry Turtledove com Martin H. Greenger (Editora Jangada, 2005).
O livro inicia com um texto [introdução] de Harry Turtledove, que faz uma reflexão muito interessante, comparando como todos nós - e particularmente a geração contemporânea, que acompanhou profundas mudanças tecnológicas e comportamentais dos últimos cem anos - somos, de certa forma, "viajantes do tempo".
E Harry prossegue a reflexão com uma síntese dos principais problemas e paradoxos que a possibilidade da viagem no tempo implicaria, e uma síntese como os principais autores de ficção científica (e que integram o volume com contos curtos) trabalhou a questão.
Em seguida, começam os contos, cada qual precedido de uma breve análise das obras de relevância com que os respectivos autores influenciaram sua época, ou foram influenciados por ela.
O enfoque que os organizadores dão a esta pequena análise amplia consideravelmente a leitura do próprio conto, já que os textos colacionados abrangem um período cronológico de mais de um século de escrita criativa. Com os parâmetros fornecidos, mesmo que sinteticamente, podemos inserir cada conto em seu contexto histórico, e visualizar como a ideia impactou (ou foi impactada) pelas mudanças e aventuras de cada época.
Então...
Quer uma atualização rápida sobre histórias de viagens no tempo?
Este livro vale a pena: os melhores nomes, os autores mais significativos, tiveram suas obras reunidas neste volume.
Olha a qualidade desta seleção!
Ontem Foi Segunda Feira - Theodores Sturgeon (1918-1985)
O Armário do Tempo - Henry Kuttner (1914-1958)
A Seta do Tempo - Arthur C. Clarke
Estou Com Medo - Jack Finney (1911-1995)
Um Som de Trovão - Ray Brdbury
A Nave da Morte - Richard Matherson
Arma para Dinossauros - L. Sprague de Camp (1907-2000)
O Homem que Chegou Cedo - Poul Anderson (1926-2001)
Rainbird - R. A. Lafferty (1914-2002)
Leviatã - Larry Niven
Projeto de Aniversário - Joe Haldeman
Inversão do Tempo - Jack Dann
Vigia de Incêndio - Connie Willis
Rumo a Bizâncio - Robert Silverberg
O Produto Puro - John Kessel
Trapalanda - Charles Sheffild (1935-2002)
O Preço das Laranjas - Nancy Kress
Outra História ou Um Pescador do Mar Interior - Ursula K. Le Guin
CRIATURAS ESTRANHAS - selecionadas por NEIL GAIMAN
Pois assisti ao filme "Animais Fantásticos e Onde Habitam" (2016, direção David Yates, autora J. K. Rowling), e depois não conseguia parar de pensar em animais fantásticos... e onde habitam!
Foi nesta onda que encontrei o livro CRIATURA ESTRANHAS - Histórias Selecionadas por Neil Gaisman (Ed. Fantástica Rocco, 2013), uma coletânea de contos de dezesseis autores consagrados, sobre personagens fantásticos do mundo animal.
A começar pela introdução, o livro é uma viagem ao inusitado.
Neil Gaiman faz a mágica ligação entre os museus de história natural e a imaginação infantil, essa mistura única de realidade e fantasia, passado & futuro, a semente de boas histórias.
Cada conto é precedido de uma mini-apresentação do autor, sempre com um toque de humor. Poucas palavras que transformam autores a quem nunca seremos pessoalmente apresentados, em alguém que parece estar na nossa cozinha, partilhando um café e uma fofoca saborosa.
Foi nesta onda que encontrei o livro CRIATURA ESTRANHAS - Histórias Selecionadas por Neil Gaisman (Ed. Fantástica Rocco, 2013), uma coletânea de contos de dezesseis autores consagrados, sobre personagens fantásticos do mundo animal.
Um livro DELICIOSO!
(e olha que não sou fâ de contos!)
A começar pela introdução, o livro é uma viagem ao inusitado.
Neil Gaiman faz a mágica ligação entre os museus de história natural e a imaginação infantil, essa mistura única de realidade e fantasia, passado & futuro, a semente de boas histórias.
Cada conto é precedido de uma mini-apresentação do autor, sempre com um toque de humor. Poucas palavras que transformam autores a quem nunca seremos pessoalmente apresentados, em alguém que parece estar na nossa cozinha, partilhando um café e uma fofoca saborosa.
E prá quem gosta do mundo mágico animal, o livro é um espetáculo.
Sente só a qualidade dos contos:
As Vespas Cartógrafas e as Abelhas Anarquistas (Gahan Wilson)
O Grifo e o Cônego Menor (Frank R. Stockton)
Ozioma, a Maligna (Nnedi Okorafor)
Pássaro do Sol (Neil Gaiman)
O Sábio de Theare (Diana Wynne Jones)
Saki (Gabriel Ernest)
O Cacatuano Ou A Tia-Avó Willoughby ( E. Nesbit)
O Mal Também se Levanta (Maria Dahvana Headley)
O Voo do Cavalo (Larry Niven)
Prismática, Homenagem a James Thurber (Samuel R. Delany)
A Manticora, a Sereia e eu (Megan Kurashige)
Lobisomem Cabal (Anthony Boucher)
O Sorriso no Rosto (Nalo Hopkinson)
Ou Todos os Mares com Ostras (Avram Davidson)
Venha Dona Morte (Peter S. Beagle)
TÔ DE VOLTA!
Mais de dois anos de silêncio neste blog dão a dimensão da quantidade de mudanças que revolucionaram a minha vidinha... E a despeito das frases repetidas tão politicamente-corretas, não vou dizer que tenha sido uma experiência "positiva", tampouco "a crise" fez de mim uma pessoa "melhor".
O que me salva, como sempre, são os livros. Não houve tempo nem tranquilidade para voltar aqui e fazer resenhas, mas ainda são eles - os livros, sempre os livros - que me mantém emocionalmente sã.
Todos os dias acordo decidida a recomeçar, a me reinventar. Algum esforço rendeu resultado, mas muito não teve continuidade e se perdeu, nada além de ideias e conversas jogadas ao vento. Ainda tento entender o mundo que me cerca (sem muito sucesso), ainda tenho prazer em fugir da realidade optando pela fantasia (sempre funciona). Comecei cursos. Voltei a desenhar. Ainda não decidi o que fazer com o resto da minha vida.
Mas recuperar projetos antigos faz parte do meu momento atual.
Esse blog, por exemplo...
Lá vamos nós, traveiz!
O que me salva, como sempre, são os livros. Não houve tempo nem tranquilidade para voltar aqui e fazer resenhas, mas ainda são eles - os livros, sempre os livros - que me mantém emocionalmente sã.
Todos os dias acordo decidida a recomeçar, a me reinventar. Algum esforço rendeu resultado, mas muito não teve continuidade e se perdeu, nada além de ideias e conversas jogadas ao vento. Ainda tento entender o mundo que me cerca (sem muito sucesso), ainda tenho prazer em fugir da realidade optando pela fantasia (sempre funciona). Comecei cursos. Voltei a desenhar. Ainda não decidi o que fazer com o resto da minha vida.
Mas recuperar projetos antigos faz parte do meu momento atual.
Esse blog, por exemplo...
Lá vamos nós, traveiz!
quinta-feira, 10 de março de 2016
TUDO É ÓBVIO (desde que você saiba a resposta), DUNCAN J. WATTS
Sempre tive problemas com o "óbvio"...
E tudo começa quando alguém me pede para explicar o que é aquilo que, para mim, é "óbvio".
Alguma vez você já tentou explicar algo que , para você, é "óbvio"?
Pois eu, já... V-Á-R-I-A-S-V-E-Z-E-S.
E toda vez que isso acontece, acabo concluindo que aquilo que, para mim, é "óbvio", trata-se tão somente de algo sobre o qual pensei muito pouco ou nada, alguma tortuosa "verdade" em que acreditei sem refletir, e... XEN-TI, como é difícil explicar o que nos parece "óbvio"!
Mas me tranquiliza perceber que não é só comigo... Porque já me reconheci, inúmeras vezes, na expressão pasma de outras pessoas colocadas na mesma situação, aquele momento de surpresa quando descobrimos que aquela questão em discussão não é "óbvia", igual, para todo mundo. E, claro, os passos seguintes, o raciocínio acelerado, descobrir que, "óbvio" é apenas algo sobre o qual não se refletiu, uma verdade alheia que se aceitou como "certa" e não se sabe nem porquê. E, então, o silêncio constrangido, seguido do tatear das palavras em busca fútil para encontrar dentro de si uma explicação que não existe, um ponto de vista que nunca foi desenvolvido.
Foi com curiosidade que comecei a ler TUDO É ÓBVIO *desde que você saiba a resposta (como o senso comum nos engana - Uma Nova Maneira de Pensar), de Duncan J. Watts (Ed. Paz e Terra, com tradição de Letícia Della Giacomo de França, 6ª Edição/Rio de Janeiro/2015). O livro me foi emprestado, quero devolvê-lo este fim de semana, então recomeço a lista das resenhas (atrasadas, rs) por este.
O livro começa muito bem, e me reconheci.
Na primeira parte, relaciona o "óbvio" ao senso comum.
E gostei do título do capítulo 4, A SABEDORIA (E A LOUCURA) DAS MULTIDÕES, discorrendo sobre como o senso comum parte de um raciocínio divulgado, a que todos aderem de uma forma generalista e coletiva, mas que tem a mesma probabilidade de estar "certo" quanto de estar "errado". Para o autor, senso comum é como um ditado popular, algo que se repete como fosse uma verdade absoluta para toda e qualquer situação, mas que, de fato, só se coaduna com determinadas situações, bem específicas.
Uma pena que, nos capítulos seguintes, o assunto anunciado no título, não continue.
E se os primeiros capítulos são ótimos... depois, acho, o autor tentou inserir outro assunto de seu agrado e interesse, as mídias sociais, que rapidamente introduz como indutoras do "senso comum", e então foge do tema.
O problema é que, ao tratar das mídias sociais, o livro passa a se preocupar mais com conceitos de "popularidade", ou do potencial da internet como veículo de pesquisas, enquanto o tema proposto no título do livro simplesmente desaparece. A dada altura, eu já não entendia mais o que o texto tinha a ver com a ideia do "óbvio", e a leitura que começou interessante, tornou-se cansativa.
Depois de arrastar semanas e não conseguir, de fato, terminar de ler o livro, ficou a sensação que, também para o autor, não foi nada fácil explicar o "óbvio".
(Bom... isso eu até entendo!)
E tudo começa quando alguém me pede para explicar o que é aquilo que, para mim, é "óbvio".
Alguma vez você já tentou explicar algo que , para você, é "óbvio"?
Pois eu, já... V-Á-R-I-A-S-V-E-Z-E-S.
E toda vez que isso acontece, acabo concluindo que aquilo que, para mim, é "óbvio", trata-se tão somente de algo sobre o qual pensei muito pouco ou nada, alguma tortuosa "verdade" em que acreditei sem refletir, e... XEN-TI, como é difícil explicar o que nos parece "óbvio"!
Mas me tranquiliza perceber que não é só comigo... Porque já me reconheci, inúmeras vezes, na expressão pasma de outras pessoas colocadas na mesma situação, aquele momento de surpresa quando descobrimos que aquela questão em discussão não é "óbvia", igual, para todo mundo. E, claro, os passos seguintes, o raciocínio acelerado, descobrir que, "óbvio" é apenas algo sobre o qual não se refletiu, uma verdade alheia que se aceitou como "certa" e não se sabe nem porquê. E, então, o silêncio constrangido, seguido do tatear das palavras em busca fútil para encontrar dentro de si uma explicação que não existe, um ponto de vista que nunca foi desenvolvido.
Foi com curiosidade que comecei a ler TUDO É ÓBVIO *desde que você saiba a resposta (como o senso comum nos engana - Uma Nova Maneira de Pensar), de Duncan J. Watts (Ed. Paz e Terra, com tradição de Letícia Della Giacomo de França, 6ª Edição/Rio de Janeiro/2015). O livro me foi emprestado, quero devolvê-lo este fim de semana, então recomeço a lista das resenhas (atrasadas, rs) por este.
O livro começa muito bem, e me reconheci.
Na primeira parte, relaciona o "óbvio" ao senso comum.
E gostei do título do capítulo 4, A SABEDORIA (E A LOUCURA) DAS MULTIDÕES, discorrendo sobre como o senso comum parte de um raciocínio divulgado, a que todos aderem de uma forma generalista e coletiva, mas que tem a mesma probabilidade de estar "certo" quanto de estar "errado". Para o autor, senso comum é como um ditado popular, algo que se repete como fosse uma verdade absoluta para toda e qualquer situação, mas que, de fato, só se coaduna com determinadas situações, bem específicas.
Uma pena que, nos capítulos seguintes, o assunto anunciado no título, não continue.
E se os primeiros capítulos são ótimos... depois, acho, o autor tentou inserir outro assunto de seu agrado e interesse, as mídias sociais, que rapidamente introduz como indutoras do "senso comum", e então foge do tema.
O problema é que, ao tratar das mídias sociais, o livro passa a se preocupar mais com conceitos de "popularidade", ou do potencial da internet como veículo de pesquisas, enquanto o tema proposto no título do livro simplesmente desaparece. A dada altura, eu já não entendia mais o que o texto tinha a ver com a ideia do "óbvio", e a leitura que começou interessante, tornou-se cansativa.
Depois de arrastar semanas e não conseguir, de fato, terminar de ler o livro, ficou a sensação que, também para o autor, não foi nada fácil explicar o "óbvio".
(Bom... isso eu até entendo!)
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