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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

HOMENS, LOBOS E LOBISOMENS, As Histórias mais Fascinantes (coletânea)

Ah, as festas de fim de ano e suas noites & mais noites de fogos de artifícios. Lembro com saudade do tempo em que os fogos eram apenas na meia noite de réveillon, só uma grande festa. Porém, nestes últimos três ou quatro anos... um pouco mais a cada ano, são dez ou doze dias de fogos espocando a qualquer hora do dia ou da noite. Mas explico: é que tenho dois cachorros, eles tem medo dos fogos. Se acontece uma vez por ano, se assustam, mas passa. Mas quando acontece dias & noites seguidas, ficam cada vez mais apavorados, trêmulos, ofegantes. Uma dificuldade. Conclusão? Noites de insônia, muita televisão com som mais alto do que de costume, e madrugadas com leituras que pouco tem a ver com o propagandeado espírito de Natal ou de Ano Novo...

Mas somando noites insones e cachorros, que leitura melhor do que os contos sobre HOMENS, LOBOS E LOBISOMENS, uma coletânea com As Histórias mais Fascinantes desta fantasia? (leio em português, tradução, seleção e introdução de Edson Bini, publicação de 2005 da Editora Marco Zero ).


O livro se compõe de uma introdução, do organizador, que expõe uma concepção pessoal do mito. O segundo capítulo, com título EXCERTO DO DICIONÁRIO INFERNAL, DE COLLIN DE PLANCY, reproduz uma pesquisa breve sobre episódios com lobisomens registrados entre os séculos XV a XVIII. Uma nota de rodapé informa que Jacques Albin Simon Collin, falecido em 1881, chamou-se Plancy em razão de sua cidade natal, e foi, em sua época, um folclorista (hoje o chamaríamos de sociólogo), mas passou para a história como um demonólogo, posto que parte substancial de seu trabalho foi dedicado às crenças religiosas exacerbadas do mundo feudal.

Seguem-se dez contos, bem interessantes, de autoria de Guy de Maypassant (O lobo), Henry Hector Munro [Saki] (Gabriel-Ernest), Ambrose Bierce (Os olhos da pantera), Frederick Marryat (O lobisomem das montanhas Hartz), Sutherland Menzies (Hugues, o lobisomem), Henry Hector Munro [Saki] (Os intrusos), Edith Nesbit (A loba branca), Walter Scott (Urso Negro), uma novela de Alexandre Dumas (O senhor dos lobos), e um autor brasileiro, Kenneth. G. Seymour (Lobisomens em São Paulo? Hoje?).

Embora todos sejam interessantes, gostei ainda mais de Edith Nesbit (A loba branca), e Alexandre Dumas (O senhor dos lobos). São duas histórias proporcionalmente longas, com desdobramento pouco previsíveis, que atiçam a imaginação.

Todos são contos clássicos, já em domínio público.

Isso torna interessante observar como o mito do lobisomem modifica com o tempo. Nestes contos, pouco se vê a dimensão humanizada com que o mito é tratado na atualidade. Nestas histórias, o lobisomem é uma fera mágica, e age com o instinto do predador.

Hoje cercados pela artificialidade, a natureza parece um luxo.
É curioso ler contos antigos, porque ali a natureza é selvagem e impõe medo, além do respeito. Viva, forte e misteriosa, encerra perigos letais. São histórias de um tempo onde o homem ainda não conseguia olhar para si ciente de que somos o pior predador do planeta. Uma época onde a sobrevivência também incluía valores como a honra e a lealdade.




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