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domingo, 1 de dezembro de 2013

O SOL VERMELHO de Marion Zimmer Bradley

Que alegria, quando encontro algum livro da Marion Zimmer Bradley que ainda não li. Nestas horas que compreendo como minha cidade é mesmo uma aldeia (apesar de ser uma capital, razoavelmente grande), e quantos livros demoraram a chegar sob meus olhos.

Encontrei O SOL VERMELHO campeando sebos, é claro. Acho que era o fim de estoque de alguma livraria, pois o volume ainda não tinha sido manuseado, ninguém o leu. Sei, porque existia falha na edição, páginas que não foram bem cortadas e, em dois lugares, ainda estavam unidas na dobra. Fui eu a separar as pontas ainda uma mesma folha, por isso sei que fui, também, a primeira pessoa a ler o livro.

O SOL VERMELHO é mais um volume da saga de DARKOVER, e conta a história de Jeff Kevin e Auster, amigos separados ainda na infância, um deles darkorviano da linhagem do Comyn, outro um mestiço darkoviano com humano, ambos dotados de poderes paranormais.

O romance aborda preconceitos. Jeff, criado como humano, nunca conseguiu se sentir à vontade em nenhum dos muitos mundos pelo qual passou, inclusive na Terra, onde viveu com seus avós. A primeira parte do livro lembra um pouco a história do Patinho Feio, alguém que não tem uma razão objetiva para não se sentir feliz nos muitos lugares por onde passa, entretanto... sente-se sempre fora de seu lugar, longe da sua gente, embora não tenha ideia de onde seria esse lugar e onde encontrar esse povo, que não conhece mas sente falta. Darkover o fascina, sem que saiba explicar o porquê. Consegue, enfim, um trabalho no planeta vermelho, mas a sensação de estar "em casa" é tão forte, que abandona o trabalho e foge para o planeta, aventurando-se a partir de sua intuição.

Na sequência dos livros, O SOL VERMELHO se passa após a TORRE PROIBIDA, quando a herança genética já foi utilizada a tal ponto, os casamentos familiares tão repetidos, que quase não há mais filhos das grandes casas com poderes telepáticos. Com isso, as Torres quase são desativadas, poucas as crianças habilitadas a operar, e se questiona a possibilidade de substituir a energia ancestral, pela tecnologia e confortos trazidos pelos humanos através do Império.

Mas para que Jeff possa ser uma esperança de renovação nas tradições antigas, é necessário que seus companheiros sejam capazes de superar o preconceito, aceitando trabalhar com um terráqueo sem origem nobre, ao mesmo tempo em que se questiona a necessidade de sacrifício das sacerdotisas superiores e da limitação imposta de que se mantenham em contínuo estado virginal. As tradições precisam ser revistas, sob pena de perecerem como lendas de um passado remoto.

Foi uma leitura interessante, porque embora o original seja de 1979 (leio em português, na tradução de Luciana Mello, edição de 1996 da Imago Editora Ltda), os assuntos são muito atuais: o preconceito que se acirra quando há efetiva necessidade de mudança, e a única opção apresentada significa abrir mão de uma tradição valiosa e significativa. Como conciliar?

Marion Zimmer Bradley parece profética nesse conto de fadas. E com um final surpreendente, bastante positivo. GOSTEI!, delícia, tomara que ainda encontre outros livros não-lidos dela. Por via das dúvidas, sempre dou uma conferida nas prateleiras de qualquer sebo em que entre.



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