Não importa se os primeiros livros de Zafón, agora reeditados, eram considerados como literatura infanto juvenil. As histórias são tão lindas, e a narrativa tão envolvente, que acabo comprando e lendo como quem se dá um presente.
Desde que li A SOMBRA DO VENTO e comecei a acompanhar a republicação de suas histórias que o encantamento é o mesmo. A última leitura, foi AS LUZES DE SETEMBRO (leio em português, na tradução de Eliana Aguiar, edição de 2013 da Editora Summa de Letras).
Desta vez, Zafón aborda o universo dos autômatos, aqueles bonecos famosos no século XVII ou XVIII, que se movimentam por mecanismos tão precisos quanto os de um relógio suíço. E convenhamos: quem já não olhou um destes bonecos, e além da ilusão de que seja dotado de vida, também não acrescentou um mini roteiro de filme de terror, com o boneco ganhando vida e saindo para assustar todo mundo?
AS LUZES DE SETEMBRO são uma visão poética do que, de outra forma, é um filme de terror. Uma família assombrada por uma promessa que mais parece uma maldição, e um espírito maléfico que toma vida através dos autômatos que Lazarus constrói com tanta maestria. Um passado de tragédias que se revela, aos poucos, em um roteiro de aventura.
A sensação de poesia vem da inocência das crianças que, contando a história enquanto lutam para sobreviver apesar do mal que paira como uma sombra na velha mansão, olham as tragédias na vida dos adultos que as cercam. E também neste romance adentramos a ambientes antigos e quase medievais, toda a trama envolta em referências da bela cultura antiga, obras de arte, arquiteturas que fazem sonhar, construções cercadas do silêncio dinâmico da natureza.
Uma leitura perfeita para respirar um pouco e se distanciar do caos da vida cotidiana.
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