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domingo, 18 de agosto de 2013

SUBLIMINAR, de Leonard Mloginow

Já no prefácio, o autor nos explica que:

  • "A ciência da mente foi reformulada por uma nova tecnologia específica, surgida nos anos 1990. Chama-se ressonância magnética funcional, (...) O resultado de aplicações como essa é uma transformação tão radical quanto a revolução quântica: uma nova compreensão de como o cérebro funciona e do que somos como seres humanos."

(leio em português, na tradução de Cláudio Carina, edição de 2012 da Zahar Editores, transcrição de "prefácio", respectivamente pg 10 e 11).

A síntese desta pesquisa tão recente quanto revolucionária, é até bastante simples.

Ao mapear o funcionamento do cérebro, cientistas estão concluindo que nossa função cognitiva (ou seja, aquilo que conseguimos conscientizar, de uma forma racional e lógica) talvez não ultrapasse 5% da atividade do cérebro. Os outros 95% são atividades imprescindíveis à sobrevivência humana, mas ocorrem de forma inconsciente, sem que deste trabalho tenhamos consciência.

Embora a informação pareça chocante na primeira leitura, logo constato que é uma conclusão lógica e pertinente. A quantidade de informações que cada um dos nossos sentidos recebe da realidade, ininterruptamente, é absurda, imensa. Se qualquer um de nós precisasse conscientizar todas estas informações, para selecionar e discriminar a importância de cada uma delas tanto no sentido da sobrevivência como do funcionamento do corpo, estaríamos em estado catatônico até antes de nascer. O que o mapeamento cerebral está descobrindo, é de uma eficácia sensacional. Do funcionamento interno do corpo, com todos os órgãos e detalhes que a gente mal sabe que tem, e de sua interrelação e comunicação com todos os elementos do mundo exterior imprescindíveis à sobrevivência, inclusos os instintos, o cérebro nos mantém vivos sem que sequer sejamos capaz de perceber a relevância de tanta informação e trabalho.

Mas SUBLIMINAR vai adiante deste ponto, focando as experiências e pesquisas que abordam como formamos nosso pensamento consciente, e a proporção de elementos decisórios inconscientes permeiam cada decisão que - supomos -, sejam tomadas de forma racional.

Isto faz com que o livro tenha uma proposta ousada, relatando e interpretando inúmeros experimentos laboratoriais visando localizar elementos inconscientes determinantes nas decisões conscientes. Alguns destes experimentos são contemporâneos, mas há várias pesquisas precedentes à tecnologia de mapeamento, agora reinterpretadas à luz dos novos conceitos.

Entretanto, sendo sincera, gostei mais do livro pelo "potencial" das pesquisas que ainda poderão ser realizadas neste contexto, e pelos conceitos gerais, do quê pelas experiências efetivamente realizadas, ou de sua análise e interpretação.
Fiquei com a sensação de que "duas décadas", para tão revolucionária tecnologia, é pouco tempo de pesquisa.

Outro ponto interessante, mas um tanto confuso, é o fato dos cientistas ainda utilizarem o termo "inconsciente", para especificar a atividade cerebral realizada sem a consciência racional. Ocorre que este termo, o "inconsciente", foi dogmatizado há mais de século, por Freud, para significar episódios traumáticos e/ou de cunho sexual, esquecidas como tal nas memórias da experiência dos pacientes em estudo, e que ressurgiam na forma histérica ou paranoica.

Ou seja: embora o termo seja o mesmo - inconsciente -, são duas interpretações e dois contextos diversos. Tão diferentes, que sequer podemos dizer que sejam opostos entre si. São diferentes, ponto final. O que causa alguma confusão, ainda que a explicação seja dada logo no início do livro.

Por todas estas razões, SUBLIMINAR é um excelente livro para quem gosta de acompanhar e "estar antenado" com as pesquisas de ponta da tecnologia comportamental contemporânea.
Porém, não vejo o texto como um "livro definitivo", acredito que a parte prática, de pesquisas e conceitos, ainda tenha um longo caminho a prosseguir, além de uma metodologia compatível a desenvolver.



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