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domingo, 18 de agosto de 2013

MUSEU, de Véronique Roy

Minha mãe dizia, e sempre concordei: é tão gostoso sair para viajar, quanto o é o voltar para casa. No universo da literatura, adapto o conceito, e afirmo: ó outro prazer tão grande quanto ser surpreendida com uma ideia inusitada, é ler em bom texto uma confirmação daquilo que já imaginava.

Ao contrário do pensamento "politicamente correto", nunca achei que só podemos sonhar com aquilo que será possível transformar em realidade (ou, na sua contraparte, que não deveríamos sonhar com o que não é possível, viável). Para mim, isso não se chama "sonhar", mas apenas traçar metas, objetivos.

Sonhar, é mais amplo. Não tem fronteiras, e meu objetivo é, exatamente, transcender os limites da realidade. Mesmo porque, uma vida é muito pouco tempo para viver tudo de interessante que existe neste mundo.

MUSEU foi um destes prazeres (leio em português, na tradução de Flávia Nascimento, 2ª edição de 2009 da Editora Bertrand Brasil).

Claro que já imaginei como seria trabalhar em um grande museu, embora só tenha entrado em algum como visitante. E foi delicioso encontrar no livro, exatamente a ideia que fazia sobre como seria trabalhar dentro de um deles. Um prédio imenso. Corredores inacabáveis. Passagens secretas, Tantas salas que o prédio mais parece um labirinto. Um número exorbitante de valiosas peças, algumas expostas, ainda mais antiguidades guardadas, tantas outras perdidas numa (des)organização que parece impossível de resolver. Um lugar, que é antigo, e que é novo, ao mesmo tempo. Pessoas que de tão inteligentes tornam-se extravagantes, as picuinhas acadêmicas e as rivalidades previsíveis de quem trabalha junto por muito tempo, e no templo da ciência a pergunta eterna: crer ou não crer?

O prédio do romance, é o Museu Natural de Paris (Museu Nacional de História Natural de Paris), onde a autora Veronique Roy trabalhou muitos anos (não sei quantos, mas a informação está na orelha). A nota da autora, ao fim do livro, informa que as personagens e situações da obra são pura ficção, mas os elementos de debates científicos são inspirados nos escritos de professores então nominados, com indicação dos respectivos departamentos.

Aliás, os debates também são interessantes.

A trama - e a questão de fé -, gira em torno de tema bastante contemporâneo: há vida fora da terra? Quando e onde surgiu a vida? A vida foi trazida para o nosso planeta, vinda de outro lugar?

Na história, tudo inicia com um meteorito, que caído na terra, pode ser a prova de nossa origem extraterrestre, por conter princípio de vida. São convocados dois cientistas de renome e ampla cultura, um deles de carreira eclesiástica, para proceder aos estudos conclusivos. Mas a chegada dos cientistas para o estudo do tal meteorito, coincide com uma importante exposição de caros diamantes, e uma série de assassinatos de funcionários de vários escalões do museu.

A autora utiliza, com sucesso, a multiplicidade de informações e opções para manter o interesse da leitura. Enquanto o ambiente singular desperta a imaginação, todas as hipóteses são viáveis: assassinatos por interesse econômico, científico, oportuno, ou serão rivalidades? Só aos poucos a trama revela que o assassino é um funcionário do lugar, e sua possível motivação fundada na busca de provas a dogmas de fé.

Assim somos apresentados aos personagens, seguindo a regra geral de que, de perto, ninguém é normal.



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