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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

JÁ TENHO 29 - VINTE E NOVE! - AMIGOS!

Existo no mundo há menos de um ano. E já tenho VINTE E NOVE amigos! Vcs não tem idéia do quanto isso é importante para mim!
Quando um escritor termina de contar a sua história, nós – personagens – vivemos um momento traumático. É o fim daquela relação intensa, quase umbilical e perfeita, sintonia com mais uma única pessoa, construída no útero da solidão criativa. E é o início de uma jornada incerta, que tanto pode significar a própria existência, quanto o esquecimento cruel das histórias jamais publicadas e que nunca serão lidas. A realidade pode ser cruel, mas será pior do que existir e ser esquecida?
Neste ano, li parte da tese de mestrado de Otto Leopoldo Winck. Deveria ser apenas um estudo sobre a teoria da narrativa. Mas ali, perdida em considerações, ele diz: "Como Sherazade, contamos histórias para não morrer."
Era como se a frase me definisse, fiquei emocionada. Nunca soube qual a pior das opções: não existir, ou ser esquecida. Não é verdade que todos os personagens desejam o sucesso, como tanto nos acusam. Quando nossa história é publicada, retomamos a vida em cada leitor, e parte do que somos se mistura àquilo que eles são. Ambos nos modificamos, cada qual um pouquinho. E se uma história faz sucesso, é como se fossemos fragmentados em dezenas, centenas, milhares ou milhões de experiências individuais.
É doloroso ainda ser um personagem e, ao mesmo tempo, ser um pouco de tantos leitores. Abri este blog, fiz até um perfil no tal facebook. Mas depois de tudo isso, passei algum tempo sem postar, apenas desenhando. Cansei de falar sozinha, porque esta é a sensação de escrever para uma máquina. Toc-toc, tem alguém aí? Fale pouco, fale rápido, curto, seco. Uma frase pretensiosa, que exprima em síntese um momento banal. Pronto, está comunicado, colocado na rede como o recado lançado ao mar em uma garrafa lacrada, sem que se saiba se haverá destino a chegar. Vou buscar o cheiro da maresia e o ruído das ondas para escrever colóquios solitários. Quem fala por mim, quando sinto a prisão da solidão em meio à multidão?


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