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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Muito prazer, meu nome é LANA. Sim, sou uma personagem.

Uma personagem, escrevendo através de uma pessoa real.
Não me condene por isso! Os personagens das histórias são uma grande população de excluídos, em qualquer sociedade nós existimos sem - jamais! - fazer parte de qualquer estatística oficial. É uma dependência cruel, essa que temos com nossos autores, e poucos imaginam o quanto eles podem ser tirânicos.
Mas já aceitei esse fato, assim como o aceitam os idosos fantasmas de construções deixadas à ruína, e antes deles o aceitaram os deuses ancestrais abandonados por seus adoradores. Todos os povos se erguem sobre os escombros daqueles que serão esquecidos, ou permanecerão excluídos como a memória indigesta que se prefere ignorar. E se assim comparar, pelo menos nós, personagens, temos grande vantagem: nossa voz é ouvida.
Mas deixemos as reclamações para outro momento, não é disso que quero falar agora, apenas precisava me apresentar a você. Descobri esse espaço virtual, onde até mesmo as pessoas reais perdem parte de sua nitidez e se confundem conosco. E aqui, fico à vontade para divagar. E é fato que adoro divagar. Não teria contado minhas histórias, reduzido meu universo infinito às letrinhas seqüentes de um livro, se isso não fosse um prazer. E porque não gostaria?
Para mim, o tempo é um holograma. Posso viver o passado, o presente ou o futuro, como e quando quiser. Posso reviver cada experiência, no exato momento em que a integro à minha fantasia, quantas vezes desejar. Não estou presa em um tempo cronológico, medido aos pedacinhos em uma linha reta e única, que nunca para e jamais retroage. E concebo com tristeza, aqueles que envelhecem sem poder retornar à juventude, ou se obrigam a ser jovens sem conhecer a sabedoria da idade. Não é de espantar que as pessoas reais tenham tanto medo da liberdade ou da aventura, se precisam optar sem conhecimento das conseqüências de suas decisões, ou ainda pior, sem poder voltar ao passado e reviver as emoções intensas que nortearam sua própria história.
Também por isso, gosto de divagar, e gosto de ser uma personagem. Ninguém é tão livre assim se vive uma vida real.



Ilustração ao romance Diário de Lana, "Cortesã Assassinada", de Elaine Falco/2011.
 desenho a grafite e efeitos em paint


Ilustração ao romance Diário de Lana, "Praça da Inquisição", de Elaine Falco/2011.
 desenho a grafite e efeitos em paint


Ilustração ao romance Diário de Lana, "A amante do inquisidor", de Elaine Falco/2011.
 escultura em adobe, pintura em acrílica e efeitos em paint


Ilustração ao romance Diário de Lana, "O castelo", de Elaine Falco/2011.
 pintura em aquarela e efeitos em paint


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