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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Manual de Sobrevivência ao Século XXI

... e ainda fico impressionada, vivendo em cidade grande, todos os dias andar no meio de centenas de pessoas, ônibus lotados, lojas apinhadas, ruas movimentadas... estar entre centenas de pessoas que não conheço, não sei quem são, nunca as vi antes, provavelmente não as verei novamente.

É uma sensação estranha, um isolamento peculiar.
Pessoas, muitas pessoas, estou rodeada de pessoas, mesmo assim não há ninguém a quem cumprimentar, não há rostos conhecidos, apenas uma multidão de anônimos, eu entre eles. Dizem na televisão que somos mais de sete bilhões de seres humanos no mundo. Sou sincera: o número não me diz nada, mais "zeros" do que consigo visualizar. O que percebo claramente é que a cidade cresceu, o número de pessoas aumentou, os carros transitam entre engarrafamentos, as casas se tornaram apartamentos e os apartamentos se tornaram cubículos.

Às vezes sento no banco da praça, para olhar essa gente que passa apressada, e o termo que vem à mente é "opinião pública". Um termo com o qual implico, ali juntinho com "estatística". Termos que são como os "bilhões" de pessoas, não tem rosto mas falam, não tem nome mas opinam com força. E como diz o filósofo (Luiz F. Pondé), a mediocridade anda em bando... andam juntos nesta tal de "opinião pública".

Ainda não consegui paz de espírito para lidar com fantasmas .
("opinião pública", e "maioria", são fantasmas, não são? Eles não existem... de fato, como indivíduos, como pessoas, não existem... mas estão lá, tem força, interferem, incomodam, e precisamos aprender a lidar com eles).

Ainda não engoli direito essa verdade alardeada, que meu comportamento "deveria" ser pautado por pessoas que não conheço, que não me conhecem, tudo com uma ignorância tão absoluta que, por não saber sequer quem é esse outro bilhão e onde ele existe (individualmente falando), sou tolhida até mesmo da simples curiosidade em conhecer...


Alguém me disse que estamos vivendo tempos de "burrice complexa".
Adorei o termo, incorporei ao meu vocabulário.
Porque opinião pública fala por verdades simples... não fosse o fato de que não são"verdades", tampouco são "simples". Simples, era o velho e fácil "senso comum".
Porque abdicamos do calmo e tranquilo "bom senso"?

No lugar de uma SEGUNDA LIÇÃO DE LUCIDEZ, nesse meu Manual de Sobrevivência para o século XXI, por enquanto tenho apenas uma pergunta em aberto, que fica cutucando meus neurônios em busca de uma resposta.

2 comentários:

  1. Elaine, esses fantasmas nos taxam e condenam, e temos que seguir os termos tão esdrúxulos quando a falta de liberdade individual que apodera-se de nós nos últimos tempos...

    Adorei sua forma de pensar, inteligente, corajosa, reflexiva.

    Sigo teu blog com prazer, muitos abraços

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    Respostas
    1. Oi, bella! Feliz com sua participação... e seu apoio! Porque, de uns tempos prá cá, descubro que preciso procurar para encontrar os rebeldes, os pensadores, os criativos, aquele povo alegre, descontraído e cheio de iniciativa que antes ocupava seus espaços com confiança, e hoje (ao que parece) estão sendo excluídos para espaços cada vez mais restritos. Prá mim, que acredito em PESSOAS e não acredito em "estatísticas", cada palavra conta. Obrigada.

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