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quinta-feira, 25 de abril de 2013

O EFEITO LÚCIFER, como pessoas boas se tornam más, de PHILIP ZIMBARDO

Carrego prá cima e prá baixo, um livro que mais parece um tijolo (mas que é inacreditavelmente mais leve do que muitos dos livros, menores, com que já andei por aí).


Título chamativo:  O EFEITO LÚCIFER, como pessoas boas se tornam más, de PHILIP ZIMBARDO (na tradução para o português de Tiago Novaes Lima [será que é meu primo?], na 1ª edição de 2012 da Editora Record... mas anoto que o original é de 2007).

Capa chamativa: uma gravura de Escher sobre o famoso estudo da Gestalt figura/fundo, desenhos de anjos em branco e cinza, perfeitamente ajustados com desenhos de demônios em preto e cinza. Escher está na moda, é a coqueluche da maior exposição no maior museu da cidade, o MON.




O livro tem mais de 950 páginas, em tema muito interessante, quase polêmico.
Lembra daquela experiência de laboratório de psicologia, em 1971, o famoso experimento do "presídio de Stanford"?
POISINTÃO, é sobre isso que trata o livro!


Zimbardo era o professor/pesquisador responsável pelo curso - e experimento - de férias, na Universidade de Stanford, onde um grupo de estudantes universitários participou como voluntários, sorteou quem seria "prisioneiro" e quem seria "guarda", para uma experiência que deveria durar duas semanas, mas que só persistiu por metade deste tempo, ante o grau de alterações de personalidade, passividade e agressividade a que os voluntários chegaram em apenas uma semana de experimento.

Esse experimento deu aprofundamento à discussão científica sobre a influência do ambiente, do "sistema político", da autoridade e do local, para determinar o comportamento e reações individuais.  Desde as primeiras notícias, ainda em 1971, foi sempre referência no tema.
Mas o livro foi escrito bem mais tarde, em 2007, depois que o autor já havia maturado não só as análises iniciais feitas subsequente à experiência, mas também novas hipóteses, e um outro olhar a acontecimentos violentos e aparentemente inexplicáveis, nas prisões americanas ou fora delas.

O livro é bem escrito, e o tema é instigante.
Tempos atrás, alguém me disse que estamos em tempos de "carma coletivo".
Também tenho essa sensação: de que vivemos em uma época de isolamento, mas onde - contraditoriamente -, as decisões são tomadas por coletividades, estatísticas ou maiorias.
Fico perdida, vivendo um mundo que não compreendo por inteiro.
O EFEITO LÚCIFER, ao que parece, elucida parte daquilo que eu percebo em meu cotidiano, mas ainda não sei nominar, tampouco mensurar sua força.


Estou chegando na página 300.
Ou seja: já li a introdução, e todo o relato da experiência.
Agora, estou passando pelos parâmetros da pesquisa como foi proposta à época, e de seus resultados.





Mas leio, e fico com a impressão de que não havia qualquer parâmetro de pesquisa, à época dos fatos, suficiente para esclarecer ou abarcar a magnitude da experiência ou de seus resultados.

Leio, torcendo para que nas 500 páginas seguintes, o autor/pesquisador chegue à esta mesma conclusão, e analise esta (e outras) experiência, por parâmetros e hipóteses que realmente expliquem alguma coisa... ou, como diz o subtítulo do livro, os mecanismos sociais sistêmicos que podem induzir uma pessoa "boa", a se tornar "má"....

 ... e então, continuo a ler. Quando terminar, prometo que volto aqui e concluo este post, com o que mais havia no livro e a que conclusões cheguei.

Porque, agora, minha expectativa está alimentada pelas promessas dos capítulos iniciais: de que o livro analisará as questões até fornecer indicativos para como eu/leitora possa também perceber, e quando necessário resistir, à invasão de pensamento e/ou coerção das influências externas.



(...)



Terminei a leitura.
O livro é sensacional!


Para mim, que sempre acreditei que todo ser humano tem tanto a bondade como a maldade em potencial dentro de si, o livro é como um "mapa" que explica as forças que digladiam dentro de cada um de nós.

Penso que qualquer pessoa que leia O EFEITO LÚCIFER, perde a ilusão de que se é dono absoluto do próprio destino, ou de que é capaz de raciocinar e agir consciente em qualquer situação. Zimbardo consegue o perfeito equilíbrio para ponderar quando e onde a influência externa é mais poderosa do que nossa personalidade, e como inconscientemente respondemos às manipulações do meio sócio/econômico em que estamos inseridos.

O conceito que Zimbardo chama de "presente expandido", por si só vale a leitura do livro inteiro.
Não que seja um conceito propriamente novo, consegui relacioná-lo até com as idéias de Mc Luhann sobre a "Aldeia Global".
A diferença, talvez, seja a clareza com que expõe tal conceito a partir da experiência do presídio, e como analisa as alterações na percepção da realidade, a exacerbação das sensações (em detrimento do raciocínio), inclusa a sensação de impunidade.

A promessa de que Zimbardo fornecerá indicativos para que o leitor possa perceber como (ou quando) é necessário resistir à invasão das influências externas, talvez seja a parte mais frustrante da leitura. O capítulo específico do assunto remete às pesquisas da Psicologia Positiva. Sem críticas a esta linha de pesquisa, que na teoria parece promissora e importante. Porém, é fato que os conceitos da Psicologia Positiva caem muito fácil no linguajar e nas frases feitas das autoajudas motivacionais, e na minha humilde opinião, nem mesmo Zimbardo conseguiu evitar o fato.

Neste ponto, mais interessantes são as reflexões do autor sobre quem poderíamos considerar "heróis modernos", e que esbarram na constatação (óbvia?) de que o heroísmo é uma atribuição de terceiros, uma qualidade que nos é dada (ou não) pelos observadores, mas que o indivíduo não tem como atribuir a si mesmo. Deste tema, prossegue considerando sobre a "banalização do bem" e a "banalização do mal", e da influência das mídias na perpetuação do fenômeno.

Definitivamente, O EFEITO LÚCIFER é um livro que muda a percepção do mundo.







13 comentários:

  1. Eu queria comprar o livro, mas está esgotado em todos sites que entrei. Agora, terei que esperar que coloquem novos em estoque.

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  2. Sério? Nossa, não sabia, pois é um livro novo! Mas com certeza terá reposição, segunda tiragem ou alguma coisa do gênero. É uma pesquisa muito interessante, com certeza tem público.

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  3. Eu comprei esse livro mas não criei coragem para ler ainda. :/

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    1. Tem razão... à primeira vista, ele parece "assustador", enorme, detalhado. Mas comece do "jeito básico", leia só a introdução. Depois, só o primeiro capítulo. Aposto que, depois, vai se assustar é com a rapidez da leitura, porque Zimbardo escreve como quem conversa, pontuando observações curiosas, contando a reação das pessoas que conviveram com ele. Depois que começar, não vai querer parar de ler!

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    2. Quer me vender ele? Estou precisando para fazer minha monografia de conclusão de curso, foi indicado, mas não estou encontrando. skype lucianocvo

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    3. Então... eu tbém estou fazendo monografia, da pós, e tenho esse livro como referência. Fiquei bem surpresa qdo descobri que estava esgotado! Se souber de algum lugar onde esteja à venda, aviso por aqui!

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    4. tenho receio de ler esse livro.. será q ele não vai me deixar confuso com a vida? esse livro traz uma visão negativa da vida? ainda mais nessa minha faze de juventude, onde nossa mente flutua tanto entre os extremos.
      ps: sou jovem, 18 anos, curso engenharia, portanto sou leigo no assunto..li apenas alguns livros de filosofia e psicologia.
      aguardo respostas, abraço!

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    5. ... hummmm... tentando imaginar o quê significa a expressão "confuso com a vida", para você, Menor. Mas vou tentar responder. Se vc prefere ler uma visão POSITIVA da vida, quer uma leitura EDIFICANTE sobre pessoas que passam por situações limítrofes, sugiro que leia as obras de VIKTOR E. FRANKL. Este, é um psicólogo judeu alemão que foi confinado a um campo de concentração na Alemanha Nazista, sofreu muito, viu mta gente morrer, mta crueldade, mas tbém mto heroísmo e atos de amor e desprendimento. Destacando a capacidade de superação, resiliência e o heroísmo, depois de liberto e recuperado, tornou-se professor de Neurologia e Psicologia na Universidade de Viena (entre outras), onde criou a LOGOTERAPIA (considerada a terceira escola vienense de psicoterapia - a primeira é a psicanálise freudiana, a segunda a psicologia individual de Adler). Qualquer obra dele, é interessante e "positiva": FRANKL fala da "vocação", ou seja, da motivação que vem da alma, do momento e como cada pessoa pode encontrar sua razão de viver. Em outras palavras, FRANKL tem um embasamento filosófico, porque criou um MÉTODO TERAPEUTICO que, aplicado, busca um despertar do "melhor" da pessoa humana. Isso não existe nas pesquisas de ZIMBARDO. Zimbardo não criou método nenhum, que eu saiba sequer trabalha com qquer "método terapêutico". O que Zimbardo faz, são PESQUISAS CIENTÍFICAS na área comportamental, ou seja, registra fatos ocorridos em determinadas circunstâncias, compara e analisa. Em outras palavras, o livro de ZIMBARDO não trata "da vida", não escreve "para jovens", e sua pesquisa foi realizada em prisões (desde experimentos laboratoriais, até prisões reais, militares e civis) - ou seja, não é o que eu definiria como uma "visão positiva" da vida. E como a pesquisa é fática, nem sempre há uma aplicação direta das suas conclusões, à vida real do leitor. Afinal, todo o estudo é limitado à análise sobre como reagiram as pessoas pesquisadas, quando foram imersas em ambientes de violência e coação, quer como vítimas, quer como agressores. (O comentário ajudou? Ficou mais claro?)

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    6. Já tinha ouvido falar de Viktor Frankl, mas foi bom me relembrar dessa ilustre pessoa, obrigado. Vou incluí-lo na minha lista de autores.
      Agora voltando ao assunto em questão, tenho um certo 'medo' de ler esse livro... não consigo explicar muito bem, mas o título parece um pouco assustador.. há horas que eu tenho medo de ficar mentalmente conturbado... medo de desenvolver transtornos ou ficar depressivo.. outras vezes acho que isso é tolice.. e que o livro poderá me ajudar a compreender melhor as atitudes das pessoas... sei que não fui muito claro, não consigo ser, é algo que nem eu mesmo entendo.. mas obrigado pela resposta.. vou ler um pedaço desse livro mais além e ver o que acho... obrigado, grande abraço! fique em paz!

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    7. Gostaria de te perguntar mais uma coisa, "Logoterapia e Análise Existencial - Textos de Seis Décadas" é um bom livro dele? teria algum livro dele pra me recomendar? e o livro "Em busca de sentido"?

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    8. Comece por "Em Busca de Sentido", que é o primeiro, tem a biografia do autor, o como e porquê ele pensa como pensa.

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  4. Puxa li animada achando que tinha o PDF, devido ao tempo de publicação do artigo, ainda vai disponibilizá-lo?

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  5. Oi, Napaula!

    Olha, quando eu acho algum site onde já exista o PDF disponibilizado, costumo indicar, mas, "por-conta-própria", não faço nenhum PDF.

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