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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA DO SÉCULO XXI

Estou apaixonada pelo meu sofá. Uma paixão que dura mais tempo do que imaginei, desde o momento que percebi as primeiras evidências. Quem diria, euzinha, agindo assim?
Mas é tão irresistível! Fim de tarde, chego tão stressada em casa, e lá está ele. Amplo, braços abertos, confortável. Em frente à janela, fico olhando os passantes, o sol que se põe, os temporais de verão que chegam de noitinha, os que levam os cachorros para passear, os corredores do dia a dia, os últimos clientes do açougue atrás de produtos frescos para o jantar, meus cachorros latindo para cada um deles, marcando presença, brincando. E, claro, a televisão ao fundo contando histórias enquanto faço meu jantar. E quantas delas aconteceram em tão pouco tempo! O mundo não acabou, mas o Papa renunciou, caiu um meteoro (ou foi um meteorito?) na Rússia, no Brasil as inundações se repetem todos os dias, árvores caídas, casas sem luz. Mudo de canal, documentários, ficção, filmes. Sempre há mais alguma coisa para ver, mais alguma coisa para conhecer. O tempo passa. O sofá me abraça. Fim de noite, hora de dormir.
Como pode? Estar apaixonada pelo sofá. Há momentos de culpa, claro. Mas então, eu penso, quem se importa? Um sofá não precisa de palavras, não precisa de ações, não precisa de ideologia. Um sofá só precisa da presença de alguém, e onde mais encontro isso? Meu sofá faz refletir sobre o lugar de uma pessoa no mundo. Sabe como? Sobre ser uma pessoa, de verdade, não um número em uma estatística, não uma vontade vencida pela maioria.
Um sofá... quem diria?


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