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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA DO SÉCULO XXI

... onze e meia da noite, já escrevi um pouco sobre meus quadrinhos favoritos, mas o sono ainda não chegou. O silêncio é total, agora. Não há um carro passando na rua, um vizinho falando alto, um rádio ou televisão que consiga ouvir daqui. O guarda noturno passou, apitando ao longe. Boa noite, eu também estou acordada, sabia? Mas até os cachorros já dormem, esqueceram de mim. A cama está pronta, a luz acesa, mas perduro um pouco mais esse momento. 

Eu gosto do silêncio. Sempre gostei. Parece que me encontro nesse vazio de ruídos, como se o tempo parasse para me deixar ouvir sensações. Na madrugada, não há relógios computando o tempo, e o amanhã ainda não me pertence. A noite é feita de fantasia, de livros ainda não lidos, de telas brancas à espera de uma idéia, dos trabalhos inacabados aguardando completude.

De tempos em tempos, tiro prá mim uma noite de insônia. Funciona como uma desintoxicação de pensamentos, escrevo & escrevo & escrevo sem qualquer propósito, apenas para que todas as coisas que ficaram trancadas e incomodam, tenham voz e possam sair. Como olhar o próprio poço para dar nome aos demônios, entende? Vou coletando sentimentos, aquele momento de raiva que engoli e no lugar do palavrão, sorri. Monalisa, educada. Aquela frustração pequena, tão insignificante que não dei qualquer valor, mas que permaneceu no mesmo lugar, como uma erva daninha que se recusa a morrer e contra todas as probabilidades, cresce. As idéias bacanas e acumuladas à espera de um tempo vago para ser realizadas, e que serão simplesmente esquecidas se, pelo menos, eu não as anotar. A opinião guardada, porque inconveniente. A recusa em aceitar a vida como ela é, porque sei que poderia ser tanto mais.

O silêncio é como uma mãe que guarda segredos, uma deusa que não se revela.


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