... mas janeiro
acabou. Janeiro, o mês mais longo do ano, trintaeumdias seguidos, onde eu
trabalho período integral, sempre com pouco dinheiro e muita conta prá pagar, enquanto mais da
metade das pessoas que conheço usufrui de suas férias. Um mês mal humorado,
calorento, cansativo, estafante. Nunca foi um mês auspicioso para começar o
ano. Mas estou resignada, não posso mudar o calendário ao meu bel-prazer, então
aprendi a simplesmente ignorar, como fosse uma erva daninha que insiste em
crescer sempre no mesmo lugar, até que janeiro finalmente finde.
Estou
cheia de idéias e pobre de motivação. Passo o dia pensando em coisas bacanas
para escrever, mas quando chego em casa, prefiro deitar na cama para ler aquilo
que outros escreveram. Não fui prá frente do espelho procurar explicações psicológicas
para tanto marasmo, preferi culpar janeiro com seu tempo abafado, seus
temporais assustadores, e os tantos bons livros que abundam nas prateleiras das
livrarias. É impressão minha, ou há uma oferta maior de bons textos, apesar de
toda a propaganda de que pouco se lê? Não sei explicar. O que eu sei, é que
desde aquela época longínqua em que minha mãe me levou pela primeira vez à
biblioteca municipal, que não tinha outro período da vida em que tantas vezes
tenha olhado prateleiras e tantas vezes tenha encontrado tantas histórias
maravilhosas para ler. Tantas vezes tântrico. Eu me fascino, e assim o tempo
passa mais célere do que deveria.
Mas
janeiro acabou.
E
a menos que pretenda passar todo o ano neste marasmo tântrico, é melhor puxar
as rédeas do ócio, e achar formas de me motivar a voltar aos projetos pessoais,
porque ninguém vai bater na minha porta tentando me animar para isso.
Foi
quando tive a idéia... enquanto escrevo minhas coisas, que tal também escrever
o que gostei nestes livros fascinantes? Porque essa roda da fortuna sempre
funcionou para mim: eu escrevo sobre o que outros escreveram, e o que outros
escreveram me serve, inspiram a escrever para mim.
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