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sexta-feira, 15 de março de 2013

Guia Politicamente Incorreto da Filosofia, de Luiz Felipe Pondé

Ano passado, minha filha viajou para um congresso, encontrou o livro, na livraria do aeroporto. Folheou e achou que tinha "a minha cara". Emprestou para que eu o lesse... e quando o fiz, a sensação foi do mais puro ALÍVIO!

Não sei se consigo descrever o desânimo absoluto que me acompanhou no último ano de faculdade (Superior de Escultura/EMBAP).
Fui da turma de transição.
Do modelo "antigo" da estrutura do curso - que valorizava a experiência profissional, artistas lecionando a arte que dominavam -, para o modelo "novo"/CAPS - que valoriza títulos de mestrado & doutorado, embora estes não sejam "artistas" propriamente ditos, mas sim "pesquisadores de arte".

Não estava preparada para o tamanho, um verdadeiro abismo, que tal mudança significava.
Fiz os dois primeiros anos da faculdade faltando orelha pro tamanho do sorriso, encontrando no curso o que havia sonhado: modelo vivo na modelagem em argila e no desenho, pintura acadêmico/moderna, gravura, anatomia artística, história da arte e tudo o mais que me apaixonava.

Mas, de um ano para outro, tudo mudou.
A escola mudou de endereço, professores antigos obrigados a fazer mestrado em outro estado, e novos professores foram contratados dentro das "novas exigências", trazendo a tal mentalidade da "pesquisa poética", acadêmica, formal e teórica, como foco central de um curso antes essencialmente prático/artístico. Olhei a criatividade e a produção ser engolida por "teorias estéticas", fiquei deprimida com o isolamento competitivo que se instalou entre professores e entre os alunos, até hoje não consegui entender nem como artistas poderiam produzir em um sistema de estudo que despreza o processo criativo, tampouco porque tanta importância e prioridade à produção de textos acadêmicos que ninguém lê! Minha adaptação foi extremamente difícil, acabei por desistir de uma matéria, postergando mais um ano de faculdade e sofrimento até completar o tal do TCC...

O Guia Politicamente Incorreto da Filosofia, de Luiz Felipe Pondé, chegou às minhas mãos nos últimos meses do (meu, repetido) último ano, e foi deste texto retirei forçar para encerrar esse capítulo da minha vida.

O tema do livro, é a crítica ao que conhecemos/praticamos no cotidiano, como "pensamento politicamente correto".
Ou, sendo mais justa: a hipocrisia, as frases feitas, a covardia e a ignorância que acobertamos todos, através da "imagem bonitinha", padronizada e repetida à exaustão, do tal pensamento "politicamente" correto.

Eu "devorei" o livro, em menos de dois dias.
Há tempos eu perguntava, para mim e por aí, para onde tinham ido os carismáticos pensadores, os revolucionários filósofos, os rebeldes e surpreendentes artistas, os críticos sociais, que antes eram encontrados nos corredores e cantinas das faculdades. Mais de uma vez, achei que estava ficando velha ou resmunguenta, e que aquela imagem romântica da universidade repleta de conhecimentos era simplesmente uma ilusão das memórias de juventude.

Depois de ler o Guia Politicamente Incorreto da Filosofia, deixei para trás essa sensação ruim, não estou "louca", não. Pondé também analisa (e denuncia) como as universidades, na última década (ou mais?), deixaram de ser o lugar de exercício do livre pensamento, o lumiar das novas idéias, para se tornar "cabide de emprego" burocrático, um tipo particular de "escada social", o que hoje se faz produzindo em série o tal "pensamento politicamente correto" repetitivo e emburrecedor.

Confesso que ler tal opinião, de um renomado e laureado filófoso - na ativa -, foi aliviante e recompensador.
Ele falava das faculdades de filosofia, nas eu assistia idêntica situação na faculdade de arte: o vazio das discussões acadêmicas, a superficialidade dos temas estudados, a repetição incessante de lugares comuns, a competitividade estéril, a dissociação com a realidade.





Depois deste primeiro contato com a obra do filósovo, li ainda CONTRA UM MUNDO MELHOR (também de Luiz Felipe Pondé).

Ano novo, vida nova, esta semana estou terminando o POR QUE VIREI À DIREITA - Três Intelectuais Explicam sua Opção pelo Conservadorismo, de João Pereira Coutinho/ Luiz Felipe Pondé/ Denis Rosenfield (Ed. Três Estrelas, 2012).

É um livro bem interessante, considerando que comecei a ler logo após a visita da cubana Yoani Sánchez (e fiquei muito chocada quando movimentação popular a impediu de falar, pelo menos uma vez... no Brasil? AQUI??? Não conseguia acreditar!); seguido do anúncio da morte do presidente (ditador?) venezuelano Hugo Chavez; e durante a eleição do papa, que argentino e enquanto cardeal, opunha-se ao controvertido governo de Cristina Kirchner, e das controvertidas denúncias que no passado teria apoiado a ditadura militar de seu país; e, claro, leio o livro num período em que meu próprio Brasil já começa a discutir a próxima eleição presidencial.

Quer momento melhor para ler sobre "a direita" e "a esquerda" política?

Gostei muito do posicionamento dos autores. Há dois anos, havia lido um trabalho muito interessante, sobre os intelectuais franceses no fim da II Guerra, do seu "namoro" distante e  idealista com um comunismo que nunca deu certo na prática. Pois o livro POR QUE VIREI À DIREITA, tem mais ou menos o mesmo enfoque: questiona o que existe de novo (se é que existe algo realmente "novo") entre o comunismo do século XX, e sua continuidade no "socialismo do século XXI", aponta várias falácias ao "consenso do bem comum", tudo temperado com relatos da vida e experiência pessoal de cada um dos autores. Um leitura rápida, gostosa... e essencial prá quem precisa embasar uma opinião contrária ao "senso comum"/vulgo burrice institucionalizada. (E quem não precisa disso, afinal?)








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